quarta-feira, 13 de maio de 2015

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.:

Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.

Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.

Porque publiquei dois capítulos do meu livro, agora em Blog, “Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade”, http://alemnomaroceano.blogspot.com.br/ , nestas nossas conversas sobre a História?
Porque para escrever esse livro, eu pesquisei a História da Holanda, história essa que é baseada no esforço conjunto dos protestantes e dos judeus para a construção de um novo mundo capitalista, e livre para todos os homens e mulheres de boa vontade.
Vamos continuar:

Judeus celebres na Holanda em tempos idos:

Abraham Israel Pereyra (Pereira), “o seu nome antes de deixar a Espanha era Thomas Rodriguez Pereyra, e foi perseguido pela Inquisição”. Ele era de uma família de marranos em Madrid, e chegou em Amsterdam, via Veneza, por volta de 1644, com seu irmão mais novo, Isaac Pereyra”.
“Eles tinham "conseguido trazer da Península Ibérica a totalidade da sua considerável fortuna e se tornaram uns dos mais ricos negociantes na Holanda”.
Abraham Israel Pereyra foi muito dado a obras de pias e de devoção, tanto que em 1659 fundou o yeshibah Hesed le-Abraão, em Hebron.
“Em 1655 os dois irmãos, Abraão e Isaac Pereyra, pediram ao governo de Amsterdam permissão para estabelecer uma refinaria de açúcar na cidade”
"Os Pereyras são descritos por seus companheiros judeus como comerciantes de riqueza e influência, que ocuparam um lugar importante na Bolsa de Valores de Amsterdam, a mais antiga bolsa de valores do mundo, iniciada pelo Dutch East India Company, em 1602”.
“Durante muitos anos o presidente da Comunidade Judaica Português em Amsterdã, morreu em Amsterdã em 1699, teve cinco filhos e três filhas. Uma das filhas, Rebeca, era a esposa de Jacob de Pinto, outra, chamada Rachel, era a esposa de Abraham Cuitiño ". Fonte: Roth, Cecil, A Vida de Manassés Ben Israel, o rabino, impressora e Diplomat, Philadelphia, The Jewish Publication Society of America de 1934.

David de Aaron de Sola - Rabino e autor (Amsterdam *1796- + 1860)
Jacob Abendana - Rabino, hakham (sábio) da Sinagoga dos Espanhóis e Portugueses em Londres, e filósofo (Espanha, 1630 – Londres, 12 de setembro de 1695)
Isaac Abendana (Espanha, ca. 1640 – Londres, 1710) foi o irmão mais novo de Jacob Abendana, e tornou-se hakham (sábio) da Sinagoga dos Espanhóis e Portugueses em Londres depois da morte de seu irmão.

Meu favorito:
Isaac Aboab da Fonseca, o primeiro Rabino nomeado das Américas, “seus pais eram marranos, judeus que tinham sido convertidos à força ao cristianismo -Rrabino, cabalista, erudito, escritor, nasceu em Castro Daire, hoje no distrito de Viseu, região Centro e sub-região do Dão-Lafões, 01 de fevereiro de 1605”.
Foi uns dos anciãos na comunidade Português-israelita nos Países Baixos que excomungou Baruch Spinoza pelas declarações deste filósofo feitas a respeito da natureza de Deus.
“Na idade de dezoito anos, foi nomeado Chacham para Beth Israel, uma das três comunidades sefarditas que existiam em Amsterdam”.
“ Em 1642, Aboab da Fonseca foi nomeado Rabino na Sinagoga Kahal Zur Israel, na então colônia holandesa de Pernambuco (Recife ocupada pelos holandeses em 1624), no Brasil. A maioria dos habitantes europeus da cidade após a ocupação holandesa eram judeus sefarditas, originalmente de Portugal, mas que tinha emigrado primeiro a Amsterdam devido à perseguição pela Inquisição Portuguesa”.
“ Alguns membros da Comunidade Israelita de Pernambuco, emigraram para a América do Norte e estavam entre os fundadores da Cidade de Nova York”.
“ De volta a Amsterdam, Aboab da Fonseca foi nomeado Rabino-chefe para a comunidade Sefardita, e durante esse período a comunidade prosperou, tanto que a Sinagoga Portuguesa de Amsterdam, a Esnoga, foi inaugurado no dia 02 de agosto de 1675 (10 Av 5435) ”.
“ Isaac Aboab da Fonseca morreu em Amsterdam, no dia 4 de abril de 1693, com a idade de 88”.
Adoraria tê-lo conhecido.
  

Retrato do rabino Isaac Aboab da Fonseca.
Palavras exatas que estão no Livro:
"Este trabalho é uma tradução do Pentateuco em espanhol, com um comentário por Isaac Aboab da Fonseca Ele estava preparado para judeus em Brasil holandês, que por causa de sua herança ibérica seria capaz de ler em espanhol. O retrato é do comentarista, Aboab da Fonseca, que não foi apenas o primeiro Rabino no Brasil, mas também o primeiro Rabino para vir para a América. "

Manassés ben Israel, Menasheh ben Yossef ben Yisrael – “nasceu em Ilha da Madeira em 1604, com o nome de Manoel Dias Soeiro, um ano depois que seus pais haviam deixado continente Portugal por causa da Inquisição. A família se mudou para a Holanda em 1610”.
“Ele estabeleceu a primeira imprensa hebraica na Holanda, e um de seus primeiros trabalhos, El Conciliador, publicado em 1632, fez com que ele adquirisse uma grande reputação ”.
“ Em 1638, ele decidiu se estabelecer no Brasil, e ele pode ter visitado a capital da colônia holandesa de Recife, mas nela não se fixou”.
Uma das razões foi que sua situação financeira melhorou em Amsterdam, já que os irmãos Abraão e Isaac Pereyra, o contrataram para dirigir uma pequena Yeshivá (em judeu-português: Jessibá) que haviam fundado na cidade para estudo da Torá e do Talmud.
Rabino, influente na readmissão dos judeus na Inglaterra e sua introdução nos demais domínios do nascente Império Britânico.
Manassés ben Israel foi o autor de muitas obras muito importantes para o judaísmo.
“A esposa de Manassés, Rachel, era uma neta de Isaac ben Judah Abravanel, judeu português conhecido como Abravanel, estadista, filósofo, comentarista da Bíblia, financista, e que segundo a Lenda tinha ascendência Davídica.
Manassés e Rachel tiveram três filhos.
a-      Samuel Abravanel  Soeiro, também conhecido como Samuel Ben Israel, que trabalhou como impressor e ajudou seu pai com matérias em Inglaterra.
b-      Joseph, morreu aos 20 anos, em 1650, em uma viagem de negócios desastroso para a Polónia.
c-       Gracia, nascida 1628, que se casou com Samuel Abravanel Barboza em 1646, e morreu em 1690.

Faleceu em Midelburgo, no sudoeste dos Países Baixos, hoje capital da província da Zelândia, no dia 20 de novembro de 1657.
 Manassés ben Israel, Menasheh ben Yossef ben Yisrael morreu muito satisfeito da vida, pois segunda a lenda a família de sua esposa Rachel, os Abravanel, descendia do Rei Davi, e com isso seus filhos tinha uma Grande Linhagem, uma ascendência Davídica. Fonte: Roth, Cecil, A Vida de Manassés Ben Israel, o rabino, impressora e Diplomat, Philadelphia, The Jewish Publication Society of America de 1934




Portrait of Menasseh Ben Israel
by Rembrandt

Balthazar Orobio Alvares de Castro, no judaísmo Isaac Orobio de Castro - filósofo, médico e apologista (nascido em Bragança, Portugal, em 1617, e falecido em Amsterdam, no ano de 1687. Sua esposa, Esther, faleceu na mesma cidade no dia 05 de julho de 1712), médico de Duque de Medinaceli, denunciado à Inquisição, fugiu para Toulouse, França, em cuja universidade lecionou medicina, recebendo honras de Luís XIV. Não satisfeito emigrou para a comunidade Sefardita de Amsterdam em 1662.

Baruch Spinoza, filosofo e artesão - (para os pais era Bento, em hebraico: ברוך שפינוזה, traduzido para  Baruch Spinoza , portanto Baruch para os judeus de Amsterdam, como Benedictus assinou sua Ethica, depois “ do o chérem, equivalente hebraico da excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito de Deus em sua obra, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e a Bíblia, uma obra metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus “ passou a assinar Benedito Espinoza,) – de uma família judaica de origem portuguesa, nasceu Amsterdam, no dia 24 de novembro de 1632, e faleceu em Haia no dia 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz.
O banimento, em português de Spinoza (sic):
"Os Senhores do Mahamad [Conselho da Sinagoga] fazem saber a Vosmecês: como há dias que tendo notícia das más opiniões e obras de Baruch de Spinoza procuraram, por diferentes caminhos e promessas, retirá-lo de seus maus caminhos, e não podendo remediá-lo, antes pelo contrário, tendo cada dia maiores notícias das horrendas heresias que cometia e ensinava, e das monstruosas ações que praticava, tendo disto muitas testemunhas fidedignas que deporão e testemunharão tudo em presença do dito Spinoza, coisas de que ele ficou convencido, o qual tudo examinado em presença dos senhores Hahamim [conselheiros], deliberaram com seu parecer que o dito Spinoza seja heremizado [excluído] e afastado da nação de Israel como de fato o heremizaram com o Herem [anátema] seguinte:
Com a sentença dos Anjos e dos Santos, com o consentimento do Deus Bendito e com o consentimento de toda esta Congregação, diante destes santos Livros, nós heremizamos, expulsamos, amaldiçoamos e esconjuramos Baruch de Spinoza [...] Maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar, maldito seja em seu levantar, maldito seja em seu sair, e maldito seja em seu entrar [...] E que Adonai [Soberano Senhor] apague o seu nome de sob os céus, e que Adonai o afaste, para sua desgraça, de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do firmamento escritas no Livro desta Lei. E vós, os dedicados a Adonai, que Deus vos conserve todos vivos. Advertindo que ninguém lhe pode falar bocalmente nem por escrito nem lhe conceder nenhum favor, nem debaixo do mesmo teto estar com ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler Papel algum feito ou escrito por ele."

“Os judeus, perseguidos por toda Europa na época, especialmente pelos governos ibéricos e luteranos alemães, haviam recebido abrigo, proteção e tolerância dos protestantes de inspiração calvinista dos Países Baixos e, assim, não poderiam permitir no seio de sua comunidade um pensador tido como herege”.
Era óbvio já que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita, e a Bíblia é o livro fundamento da Fé Calvinista.
Spinoza “morreu em um domingo, 21 de fevereiro de 1677, aos quarenta e quatro anos, vitimado pela tuberculose. Morava então com a família Van den Spyck, em Haia. A família havia ido à igreja e o deixara com o amigo Dr. Meyer. Ao voltarem, encontraram-no morto. Encontra-se sepultado em Nieuwe Kerk churchyard, Haia, no Países Baixos”.
Obras escritas em latim:
Ética demonstrada à maneira dos geômetras (Ethica Ordine Geometrico Demonstrata) - iniciado em Rijnsburg e finalizado em Haia. Conteúdo:
Primeira parte: Deus
Segunda parte: A natureza e a Origem da Mente.
Terceira parte: A Origem e a Natureza dos Afetos.
Quarta parte: A Servidão Humana ou a Força dos Afetos.
Quinta parte: A Potência do Intelecto ou a Liberdade Humana.
Escritos em holandês:
Um breve Tratado sobre Deus e o Homem (foi um esboço da Ética).
Diversos:
Tratado Político (depois incluído na Ética)
Tratado do Arco-íris
Tratado da correção do Intelecto (De Intellectus Emendatione) - Ensaio
Princípios da Filosofia Cartesiana ("No apêndice, -Pensamentos metafísicos- Espinosa revela seu afastamento cada vez maior em relação a várias teses de Descartes, embora pareça apenas servir-se do cartesianismo para refutar a escolástica." - Espinosa, Livres Pensadores, Coleção)
Tratado sobre a Religião e o Estado (Tractatus theologico politicus) ou "Tratado Teológico-político"



Retrato de Baruch de Spinoza
1665

Foram esses homens, com suas famílias, com seus irmãos e amigos, que contribuíram com os da Casa de Orange para o desenvolvimento da Holanda, dos Países Baixos.

Continua....

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Rei, esposa morganática, & emigração protestante.: Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

As Casas Reinantes na antiga Europa eram por demais fecundas.
Raros eram os Soberanos que não tinham Herdeiros para seus Tronos.
Um ou outro porque era estéril, ou sua esposa era.
Contudo, havia sempre uma penca de irmãos, de sobrinhos, de onde podiam sacar um novo Herdeiro para a Coroa.
Em alguns casos havia a Tradição da Lei Sálica e como sempre a Historia acabava em Guerras entre os aspirantes ao Trono.
Mais, havia os que eram dados, até por demais, aos prazeres da carne, verdadeiros ‘atletas do sexo’.
Essa condição de garanhão, na linguagem popular, era um grande contrassenso, afinal eles eram Soberanos por Direito Divino segundo a Tradição da Igreja e ela ensina que só se deve ter relações sexuais com o intuito de procriar dentro do casamento realizado no seio da chamada Santa Madre Igreja, mas vamos lá, cada cabeça que tenha a sua sentença.
Um bom exemplo é o nosso Luiz XIV, Rei de França e de Navarra, Majestade Cristianíssima, ‘de la maison de Bourbon de la dynastie capétienne’.
Só uma curiosidade:
Louis Dieudonné, nome que quer dizer ‘o presente de Deus’, era um daqueles que não gostava de tomar banho, e só como medicamento tomou três na vida.
Fagon, seu médico, descreve o resultado do’ tratamento por banho’ que ele receitou para Sua Majestade:
“O paciente passou por tremores, ataque de fúria, movimentos convulsivos...seguidos de erupções, manchas vermelhas e roxas no peito”. Fonte: ‘Journal de la Sante du Roi Louis XIV (1647-1771) de A. d’Aquin, GCFagon, a. Vallot. Paris 1862.
Semivestido ele usava a ‘retrete’ – uma cadeira com pinico- na frente de membros da Família Real, de Monsieur, dos Príncipes de Sangue, dos Duques e dos Altos Dignitários ‘de la Cour à Versailles’, dos médicos, dos serviçais, etc. e tal.
Como sofria de prisão de ventre era fã das lavagens intestinais, nas quais eram utilizadas cânulas e seringas, e as ‘tomava’ na frente do seleto grupo já citado.
Necessidades feitas, um camareiro o limpava por três vezes com paninhos cortados para tal fim, não existia papel higiênico, nem era levado um bidê para Sua Majestade se lavar, donde podemos concluir que não era lá muito higiênico tal ato, e que de cheiroso não tinha nada.  
Além do que Luís de Bourbon-Capeto suava demais, tinha que viver trocando de ‘roupa branca’, pelo menos quatro vezes por dia, por isso, e só por isso, era considerado um homem limpo, pois naquela época se acreditava’ na roupa branca que limpa’.
É claro que já se tinha o perfume, mas não existia o desodorante, donde se conclui que devia ter um cheiro de çeçe que não devia ser ‘bolinho’, alias Luís era alérgico a perfume, detalhes abaixo.
Diariamente cinco médicos vinham ver o Rei, foram eles Jacques Cousinot, François Vautier, Antoine Vallot, Antoine de Aquino, Guy-Crescent Fagon até a morte do rei, todos usando e abusando das sangrias e das lavagens intestinais, as purgas com os terríveis clisteres, 5.000 em 50 anos de vida, pois era purgado todos os dias.
Com seu ânus sangrava devido as hemorroidas, vivia usando emplastros ou pomadas para evitar maiores sangramentos.



Uma purga no século XVIII.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

Luís tinha um forte mau hálito por causa de seus problemas dentários, tanto que para falar com suas amantes, ele colocava um lenço perfumado na boca, mas como era alérgico a perfume, só suportava o de Flor de Laranjeiras, isso segundo seu dentista Dubois.
Luís teve e tinha:
1-       Varíola em 1647.
2-      Problemas estomacais e disenteria, doenças dolorosas e crônicas, devido a seus hábitos alimentares.
3-      Tumores: um no mamilo direito cauterizado em janeiro 1653.
4-      Gonorreia desde da mocidade: mantido em segredo.
5-      Vapores na cabeça (forte dor de cabeça) e dor nas costas – coluna-  frequente.
6-      Espinhas por toda a face e outras partes do corpo.
7-      Gangrena, que iniciou nos dedos do pé, já perto da morte.
8-      Febres.
9-       Dor de dente, os seus dentes lado superior esquerdo foram cauterizados várias vezes a picos de fogo (para suportá-lo líquidos eram introduzidos através do nariz).
10-   Fístula anal que será operada pelo cirurgião Felix, em novembro 1686.
11-   Problemas urinários: cálculos renais o que fazia com que ele tivesse ​uma micção dolorosa.
12-   Gota: ataques insuportáveis no ​​pé direito e no tornozelo esquerdo, considerada por todos como “ uma verdadeira tortura”.

Luís XIV sofria tanto das hemorroidas que em pleno século XVIII sofreu uma intervenção cirúrgica para extirpá-las.
Essa operação era tão delicada que o Clero de toda a França foi convocado a rezar para o seu bom sucesso.
Não fiquem surpresos, mas aquele que se igualava ao SOL, pedia as pias senhoras, ou senhoritas, aos padres e aos nem sempre austeros monges, que intercedesse ao Deus dos Cristãos, dos Judeus e dos Huguenotes, esse último povo e pessoas aquém tanto odiava, que o salvasse de todos os males.
Madame de Maintenon, esposa morganática do Monarca, escreveu aos responsáveis em Saint-Cyr da Maison Royale de Saint-Louis, uma Instituição fundada por Louis Dieudonné a seu pedido para educar filhas de nobres e que era dirigida por freiras, apesar de a Escola não ser convento, o seguinte:
« ...mas o Rei se portou muito bem é muito corajoso’.
Como podemos ver se salvou, mas eu acredito que o ‘cheirim’ continuou, pois, a descrição de sua morte prova o que agora escrevo.
Mas apesar disso TUDO, Sua Majestade era o que chamamos de ‘ o garanhão’, não podia ver uma nova jovem da nobreza na Corte que já arrastava, como um bom ‘coq gauloise’, um galo gaulês, as suas asas.
Amante teve várias, a Grande Historia fala delas.
Filho bastardo os teve muitos e a todos legitimou.
E foi por causa “des les enfants légitimes du roi de France” que a já citada, Françoise d’Aubigné, viúva do poeta burlesco, o paralitico Paul Scarron, com quem casou pobre e aos 16 anos por sobrevivência, e ficou casada de 1652 a 1660, nascida em 27 de novembro 1635, na prisão de Niort, onde seu pai foi preso por ordem do Cardeal-Duque de Richelieu.
Ela era filha de Constante d'Aubigné, outro debochado, “ que assassinou sua primeira esposa com seu amante em 1619”, e de sua segunda esposa Jeanne Cardilhac.
Constante d'Aubigné era filho de Theodore Agrippa d'Aubigné, um calvinista intransigente, famoso poeta e amigo de Henrique IV, Rei de França e de Navarra, aquele que dize “ Paris vale uma missa”.
Agrippa d'Aubigné ficou conhecido graças a sua obra Les Tragiques, onde as Guerras da Religião são contadas, bem como as perseguições aos huguenotes, bem como “a punição dos conspiradores de Amboise e o Massacre de São Bartolomeu”.
“Após a morte de Richelieu, a família foi para as Antilhas francesas, onde d'Aubigné foi nomeado governador de Marie-Galante, embora ele e sua família permanecessem na Martinica. D'Aubigné retornou para a França por volta de 1645, quase na miséria, e morreu em 1647. Sua esposa e filhos retornaram à França do mesmo ano”.
Vida nada fácil da pequena huguenote, mas podia ter sido pior. 
Na volta da Martinica, a irmã de seu pai, Louise Arthemise d’Aubigné, ou Madame de Villette, fervorosa calvinista, deu mais uma vez abrigo a Françoise em seu Château de Mursay, em Deux-Sèvres, hoje na região Poitou-Charentes .
“ Sua madrinha, Madame de Neuillant, uma fervorosa católica, pediu a Rainha-mãe Ana da Áustria uma lettre de cachet para que ela cuidasse de Françoise e que, também, a permitisse praticar o catolicismo, e assim abjurar a Fé calvinista. A moçoila foi para num convento das Ursulinas, e “onde, graças à doçura e carinho de uma freira, a Irmã Celeste, a menina finalmente cedeu calvinismo. Agora católica passou a acompanhar sua madrinha, Madame de Neuillant, nos Salões Literários parisienses”.
Num deles conheceu seu grande instrutor, Antoine Gombaud, chevalier de Méré, um escritor que a apelidou de « la belle Indienne », a Bela Indiana, pois a Martinica ficava nas Índias Ocidentais francesas, e oficialmente ela tinha vindo de lá.


Le poète Paul Scarron, premier mari de Françoise d'Aubigné


Paul Scarron morreu e só deixou dividas, mas ela, com ele, adquiriu grande cultura.
Pensionista do Rei, ganhava uma pensão de 2.000 libras, mais uma vez por favor da Rainha-mãe Ana da Áustria.
E por três anos foi amante de Louis de Mornay, Marquês de Villarceaux, que a pintou desnuda.


Portrait de Françoise d'Aubigné,
par le marquis de Villarceaux
entre 1663 e 1664

Através de César Phébus d'Albret, chevalier des ordres du roi, Marechal de França, e outros Títulos, conheceu a prima desse, a famosa Maîtresse-en-titre du Roi, Françoise Athénaïs de Rochechouart de Mortemart, ou seja, Madame de Montespan, mãe “des les enfants légitimes du roi de France”, a saber:
Luís Auguste de Bourbon, Duque de Maine, casado com Anne Louise Bénédicte de Conde;
Luís César de Bourbon, Conde de Vexin, abade de Saint-Germain-des-Prés;
Louise Françoise de Bourbon, Mademoiselle de Nantes, casou com Luís III de Bourbon-Condé, Duque de Bourbon, sexto Príncipe de Conde;
Louise Marie Anne de Bourbon, Mademoiselle de Tours;
Françoise Marie de Bourbon, o segundo Mademoiselle de Blois, que se casou com Felipe d´Orleans, futuro Regente durante a minoridade de Luís XV;
Louis Alexandre de Bourbon, Conde de Toulouse.
Bonne de Pons, Marquesa d’Heudicourt, nascida protestante, como Madame de Maintenon, mas abjurou e se converteu ao catolicismo por conveniência, sobrinha do Marechal d'Albret, foi quem sugeriu Françoise d’Aubigné para governanta dos filhos legitimados do Rei Sol.
“A desgraça progressiva de Madame de Montespan, comprometida no caso dos venenos, nas missas negras, na magia barata, fez com que Françoise d’Aubigné se tornasse sua grande rival”.
E Françoise, née d’Aubigné, acabou casando com Luís Dieudonné.
Foi numa cerimonia privada, à noite, celebrada por François de Harlay de Champvallon, Arcebispo de Paris, na presença do Père La Chaise, confessor do Rei, do Marquês de Montchevreuil, de Claude, Conde de Forbin-Gardanne (Chevalier de Forbin), e Alexandre Bontemp, valet do Rei.
Nenhuma documentação oficial do casamento existe, mas que ela ocorreu, no entanto, é aceito pelos historiadores e biógrafos. A data é incerta pode ser na noite de 9 para 10 de outubro de 1683 ou qualquer noite de janeiro 1684.
Pelo sim, ou pelo não, se conta que essa união morganática durou de 9 de outubro de 1683 até 1 de setembro de 1715, portanto 31 anos, 10 meses e 24 dias, tempo esse usado por Françoise d’Aubigné para aumentar sua influência sobre Luís, Le Grand, daquele que afirmava “o Estado sou Eu”, de ‘le Roi Soleil”, do Vigário de Cristo na Terra, após a Sagração com os Santos Óleos, da divindade visível pela Doutrina do Direito Divino dos Reis.
Sua influência sobre Luís XIV era tanta que ela « criou » uma nova Era de rigor e devoção católico-romana, a ponto de la Princesse Élisabeth-Charlotte, Madame e Duquesa de Orleans, por seu casamento com Felipe, Monsieur le frère unique du Roi, lamentou o espírito de fanatismo que tinha se abatido sobre todos os frequentadores da Corte no Palácio de Versalhes, e de que nada mais era divertido durante " o reinado de Madame de Maintenon ".


Luís XIV em trajo de Coroação.

Como ela tinha grande poder sobre o Rei Sol, um sol já no poente, sua participação foi decisiva, tanto na revogação do Edito de Nantes, quanto na publicação do Edito de Fontainebleau.
E em sendo assim, culpada pelo massacre de seus ex- irmãos, huguenotes ou protestantes, nas História de França e, porque, não dizer, na da Humanidade.
Pelo Édito de Nantes, assinado na cidade de Nantes a 13 de abril de 1598, por Henrique IV, Rei de França e de Navarra, “ era concedido aos huguenotes a garantia de tolerância religiosa após 36 anos de perseguição e massacres por todo o país, com destaque para o Massacre da noite de São Bartolomeu de 1572”.
Pelo Édito de Fontainebleau, assinado no Château de Fontainebleau, em 23 de outubro de 1685, Luís XIV revogou o Édito de Nantes, “e 87 anos depois, a intolerância religiosa estaria de volta a Bela França e domínios”.
A bem da verdade, o Papa Inocêncio XI e a Cúria Romana foram contra o Edito, mas Luís ignorou o apelo papal, pois sua esposa morganática queria, porque queria, esse decreto real nefasto, para o seu reino.
“Os huguenotes voltaram a ser perseguidos, e com isso a maioria fugiu para o estrangeiro, causando grandes problemas econômicos ao país, problemas esses que só vieram a ser resolvidos na época do Segundo Império Napoleônico, no governo de Napoleão III, de 2 de dezembro de 1852 até 4 de setembro 1870, com o começo da forte industrialização na França”. "
Françoise d'Aubigné, intitulada Marquesa de Maintenon, conhecida como Madame de Maintenon, esposa morganático de Luís XIV, Rei da França e Navarra, por 31 anos, 10 meses e 24 dias, morreu no15 de abril de 1719, na Maison Royale de Saint-Louis, em Saint-Cyr, amada por pouquíssimos e odiadas por muitos e muitos.
A História da Humanidade é prova disso.

A vida de Françoise é a prova viva daquele celebre ditado:
O pior feitor é aquele que já foi escravo.



Cenas Brasileiras
Por Debret


Quem se beneficiou dessa emigração dos huguenotes e seus capitais, sua força de trabalho, sua dedicação a Sã Doutrina, foram os Países Baixos, a Holanda, e por via de consequência o capitalista Estados Unidos da América do Norte. 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Ecos das palavras do Velho Príncipe.

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Ecos das palavras do Velho Príncipe.: Judeu e protestante numa conversa ombro a ombro em frente a The East India House Reinier Vinkeles. Esse autor escreveu um...

Ecos das palavras do Velho Príncipe.




Judeu e protestante numa conversa ombro a ombro em frente a
The East India House
Reinier Vinkeles.


Esse autor escreveu um livro de ficção intitulado “Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade”, e alguns capítulos foram publicados no  http://alemnomaroceano.blogspot.com.br/


Nada passa despercebido ao MERCADO, essa palavra que sintetiza as atividades no Mundo do Capital, e isso a mil ‘anos”


“ – MEESTER, MEESTER, MEESTER ...”
“ – O que foi, calma”.
“ – Heer Ricardo. De oude prins está na saleta de espera da Casa Bancaria”.
“ – Door Abraham, Izak en Jakob !!! O que será que o Velho Príncipe quer de mim. De oude mens nunca veio até aqui, me passa a stola”, falou o aflito banqueiro ao pular da cama.
 De pé, todo de preto, apoiado em uma bengala de ébano com castão de ouro na forma de cabeça de águia, com a mão direita no braço de seu fiel Johan, ambos escoltados por dois fortes lacaios vestidos com capas negras onde estavam bordados o Brasão d’Armas da Casa Principesca, com cara de poucos amigos, lá estava o Grande Senhor.
– Hoogheid, a que devo a honra? ”
“ Heer Ricardo. Precisamos conversar com urgência, urgentíssima”.
“ Por aqui. Uitmuntendheid”.
Os dois homens entraram em uma pequena e austera sala, não no escritório do banqueiro, e de rosto quase colocados começaram a conversar.
Vez ou outra, o judeu suspirava alto e torcia as mãos, demostrando grande aflição.
No final de um par de horas, saíram da saleta e se despediram demonstrando em cada face uma grande aflição.
Bastou a porta se fechar para Menahem Ricardo começar a gritar o nome de os seus auxiliares.
A Casa Bancaria Menahem Ricardo & Associados entrou em rebuliço.
Respirava-se luxo e riqueza na sede da Casa Bancaria Menahem Ricardo & Associados.
E não era para menos, os Ricardo era um dos mais ricos clãs judaicos, e os negócios realizados entre Amsterdam, Londres, Nova York, o Levante e Oriente Médio, traziam enormes lucros para eles e seus associados.
Casa Bancaria Menahem Ricardo & Associados tinha até uma filial na América, em Nova York, para sermos preciso.
Seus lucros aumentaram quando um certo ex- pirata, o português Estevão Vilela, trouxe da Casa Bancaria Jacob Aboab da Fonseca, seu grande patrimônio, e propôs se associar a eles nos negócios da Casa Bancaria.  
Meester Ricardo tinha conhecimento dos grandes lucros que a Casa Bancaria dos Aboabs da Fonseca, tinha com os depósitos dos piratas, dos bucaneiros, dos flibusteiros, corsário, que pululavam pelos Sete mares, graça a um de seus associados, um outro português, mas de origem nobre, Dom José João Sancho Dinis Afonso Pedro Rodrigo Ferreira de Oliveira e York de Ribeiro Mousinho de Pernão Marques da Torre das Terras dos Santos Mártires, o décimo nono Conde de Vila Nova das Terras dos Santos, II Almirante dos Mares da Índia, apelidado pelos piratas do mundo de “O Português”, negreiro e pirata, mas na Cia Holandesa das Índias, era o respeitável Capitão José João.
Menahem Ricardo agora lamentava essa associação, e jogando seus braços para o alto, exclamou:
Nada passa despercebido ao MERCADO, essa palavra que sintetiza as atividades no Mundo do Capital, e isso a mil ‘anos”, e chorou
O Mercado sabia que a Casa Bancaria era, também, de propriedade de Estevão Vilela.
E depois do revelado pelo Velho Príncipe eles estariam em péssima situação, bem como todos os judeus de Amsterdam, e através do Mar Oceano.
O Ancião Hebreu, que agora estava chorando com o rosto sobre posto ao ombro deum de seus colaboradores.
O velho Menahem Ricardo não havia esquecido dos fatos acima descritos e rapidamente chamou seus homens de confiança para uma reunião tendo como finalidade traçar uma estratégia para defender a Casa Bancaria e os judeus das artimanhas de Estevão Vilela, agora conhecido como o Comte de La Ruelle.
Shalon”, falou o Velho Judeu e um coro de vozes masculinas respondeu, “Shalon”...
“ Os senhores estão a par da visita do Príncipe da Cia. Holandesa, portanto vou direto ao assunto:
1) ההגנה הטובה ביותר היא התקפה טובה - a melhor defesa é um bom ataque;
2) temos que usar de todos os nossos meios para comunicar a nossos navios, aos navios de nossos associados, aos navios de nossos clientes que ataquem e pilhem os da Cia Holandesa dos Dois Mundos, nos Quatro Mares, no Mar Oceano. Onde estiveram parados ou navegando;
3) que impeçam a qualquer custo não as entregas de mensagens como, também, a vinda de algum capitão que for chamado;
“- Abraham, Isaac e Jacob fiquem, os demais comecem a trabalhar... Mazei’tov”
Fechada a porta Menahem começou:
“- Quero que vocês tratem de todos os grandes clientes e não preciso explicar como. Dos outros sócios trato eu, Mazeiv’ tov”.
Todos os presentes na luxuosa sede Casa Bancaria Menahem Ricardo & Associados sabiam que a Cia Holandesa dos Dois Mundos pertencia a um associado da Casa, o ex- pirata Estevão Vilela, agora conhecido como Comte de La Ruelle, um Título concedido pelo Rei de França.
Chamou um moço pediu além do chapéu de pele o seu antiquado "paletot”, que ia até os tornozelos, e os colocando partiu em direção a "Esnoga", a Sinagoga Portuguesa de Amsterdã, na Visserplein, pensando “המלחמה היא מלחמה” - guerra é guerra, já dizia Yehudah HaMakabi.
O que ia o velho senhor, fazer?
Procurou o Grão-Rabino Samuel Israel Sarphati, um homem verdadeiramente sábio e expos a situação.
Como sempre a antessala do Gabinete do Grão-Rabino estava repleta com toda a espécies de pessoas e de problemas que iam a busca de conselho, mas quando viram entrar o velho Menahem Ricardo, o burburinho cessou e o jovem Rabino, que era secretário do Rabi Samuel, para avisar a chegada do notável homem.
Nenhum dos presentes reclamou que o banqueiro tenha entrado no Gabinete do Grão-Rabino antes deles, nem aqueles que estavam a horas esperando para serem atendidos, sabiam que para aquele homem tão importante para a Nação Judaica estar àquela hora, naquele lugar, é que algo havia acontecido que poderia prejudicar aos judeus e por isso o silencio que imediatamente foi feito a entrada de Menahem Ricardo.
Depois dos cumprimentos de praxe os dois velhos homens se inclinaram sobre a grande mesa do Rabi Samuel e começaram a conversar.
Quantos minutos se passaram?
Ninguém sabe ao certo.
O povo que estava fora sabe que ela foi longa, muito longa.
Com as cabeças baixas a conversa rolava sem parar, até que o Rabi, passou as duas mãos no rosto e levou à direita para debaixo do tampo de seu lugar a mesa e imediatamente um sino foi ouvido na antessala.
Os que estavam pararam e alguns se levantaram para sair do local.
O jovem judeu entrou e ficou surpreso com a palidez do rosto do Sábio Homem.
“ - Avise a todos que lamentavelmente não os poderei atender hoje que voltem em dois dias e chame o Rabi לוֹט Lot para mim, por gentileza”.
Ao ouvir esse nome o rapaz se assustou, mas tentou ao máximo não demonstrar.
Na antessala cumpriu a ordem e pedindo para que Jacob, um rapazinho que sempre estava o assessorando, que ficasse tomando conta, descendo imediatamente para um local que ficava abaixo das rés do chão.
Batendo na porta com força, pois estava nervoso, ouviu uma voz rouca gritar:
“-Não sou surdo. Não precisa bater tanto, nem com tanta força. ”
A grossa porta se abriu e um robusto ancião com cara de poucos amigos apareceu:
“- Rabi לוֹט Lot, o Grão-Rabino o chama com urgência”.
“- “Não seja dramático, pois sei que meu irmão não falou essecom urgência’, isso é de sua autoria”.
O moço ficou vermelho como um pimentão.
Chocando o manto sobre as acostas לוֹט Lot seguiu o rapaz.
Ao entrar na sala viu Menahem Ricardo e imediatamente compreendeu que o problema realmente precisava da ‘dramática urgência’ do jovem Rabino.
O velho banqueiro levantou em saudação ao recém-chegado.
“ לוֹט Lot...”, e de  olhos fechados o Grão-Rabino contou o que estava acontecendo.
“- Convoque imediatamente o Conselho dos Anciãos”, foi à resposta rápida de לוֹט Lot e se levantando saiu para ele mesmo dar as ordens.
E o populacho de Amsterdã, sem entender, viu o corre, corre, dos Estafetas da "Esnoga".
Eles levavam amaradas ao corpo pastas de couro, e dentro delas as convocatórias para os Anciãos Judeus da Cidade.
Algumas horas se passaram.
Paulatinamente os veneráveis anciãos entrevam silencio, cada um de per si, num salão pegado na sala do Grão-Rabino.
Em pouco tempo, estava reunido o Conselho de Anciãos da Congregação de Judeus de origem Sefardita "Talmud Tora", da Sinagoga Portuguesa de Amsterdã.
Ali sentadas estavam respeitáveis figuras de renome eram rabinos, eruditos, filósofos, banqueiros, fundadores de companhias de comércio internacional.
Gente importante cujas famílias foram expulsas da Península Ibérica, por uma intolerância absurda e obtusa, que desempenhavam um papel vital no desenvolvimento do capitalismo nos Países Baixos.
Nunca, no Mundo Ocidental, até o final de 1945, no Segundo Milênio, os judeus gozaram de tanta liberdade de culto e de expressão, como naqueles tempos que hora descrevo e nos Países Baixos.
Assim como a mensagem do Príncipe iria mudar muita coisa, o resultado dessa reunião iria mudar as coisas mais ainda.
O silencio era sepulcral.
Não se ouvia nem o respirar de um deles.
As praxes foram seguidas e a reunião começou.
Falou o Grão-Rabino que a seguir deu a palavra a Menahem Ricardo.
Quando esse acabou, como em uma boa reunião judaica, todos começaram a falar ao mesmo tempo.
O Rabi לוֹט Lot com seu vozeirão ordenou silencio e todos se calaram.
O Grão-Rabino, então, começou pacientemente a dirigir a assembleia.
Muitos falaram, vários pontos de vistas foram externados, nenhuma acusação foi feita e a uma conclusão chegaram depois de horas de deliberações
Fazia-se necessário defender os interesses dos judeus no Mundo conhecido e quanto mais rápidas as ações, as perdas seriam menores.
Depois da decisão tomada a iniciação do processo foi de uma agilidade impressionante.
Os Anciãos se retiraram e a Sala foi tomada por jovens judeus, vestidos de negro e com os dedos sujos de tinta, que começaram freneticamente a escrever ordens em iídiche e outras línguas, enquanto um leve e estranho ruído de cascos de cavalos abafados por panos amarrados a sua volta eram ouvidos na Visserplein.
Nunca ouve tanto trabalho noturno na Sinagoga Portuguesa de Amsterdã e esse trabalho incessante durou por uma semana, noite e dia.
Para maior segurança, os cavaleiros-mensageiros eram despachados de dia fora da cidade de Amsterdã, e a noite saiam da própria Sinagoga.
Muitas vezes essas correspondências eram entregues a homens montados, com roupas diferentes, na periferia da cidade, numa gruta, numa baldeação que para os Anciãos trazia mais segurança, já que os cavaleiros iniciais podiam ser seguidos.
Mais, sabemos que apesar de todo cuidado os boatos ocorrem e para evitar que soubessem o que constavam as cartas, muitas foram despachadas por andarilhos enquanto os cavaleiros iam exatamente para o lado oposto do que estava o destinatário da correspondência.
Os judeus eram mestres, e são, em se corresponderem de maneira que D-Us, Adonai, O Senhor dos Exércitos de Israel, sabe como.
Eles são incríveis. Eles são notáveis.
As cartas chegaram e os destinatários tomaram as providencias cabíveis.
Desde a Queda de Jerusalém, em 70 e.a., o Templo incendiado e a cidade arrasada pelo então General e depois Imperador Tito, os judeus, vivendo em Diáspora, estão acostumados a agir rapidamente em defesa de seus interesses.
Menahem Ricardo afinal pode conciliar o sono, pode dormir as poucas horas do dia como sempre fez a vida toda, mas que diante daqueles fatos não conseguia.
Muitos teriam prejuízos mais seriam suportáveis, os que precisassem de algum tipo de ajuda, eles,
Em pouco tempo, estava reunido o Conselho de Anciãos da Congregação de Judeus de origem Sefardita "Talmud Tora", da Sinagoga Portuguesa de Amsterdã, o ajudariam”, foi seu ultimo pensamento antes de adormecer.
E ao acordar o seu primeiro pensamento foi:
Para vivermos de acordo com a vontade de D-US temos que seguir seus Mandamentos, suas Ordenanças, seus Ensinamentos, pois ai daquele que deles se desviaram...”
Sacudiu um arrepio e se levantou do leito para, mas um dia de Oração e Trabalho.


  

                                                             Menahem Ricardo e sua esposa Emunah
Imaginação segundo as vestes de época